02/05/2020
Morreu em Paris, de infarto, tocando piano. Fiquei muito triste, gostava dele. Foi meu professor na Universidade de Paris VIII, onde concluí meu curso de Ciências Sociais. Faltava um ano para concluir na UFF, mas veio o AI-5 em dezembro de 1968, invadiram minha casa e tive de entrar na clandestinidade em janeiro de 1969.
Fui aluno do Ruy Fausto num curso sobre O Capital, volume I, nos idos de 1975 ou 1976. Em Paris, nos encontramos algumas vezes em Seminários e atos políticos.
Depois da Anistia, voltei ao Brasil em fins de 1979. Diversas vezes, encontrei o Ruy Fausto no Brasil em debates e conversas. Profundidade intelectual e espírito crítico agudo com sólida formação filosófica. Contribuiu para a teoria marxista com seu livro Marx: Lógica e Política. E com instigante análise política no livro A Esquerda Difícil e, em 2017, Caminhos da Esquerda: Elementos Para Uma Reconstrução. Foi crítico do autoritarismo de esquerda que via em Cuba e Venezuela e abandonou o PT denunciando os escândalos da corrupção e a captura da esfera pública por interesses particulares.
A meu pedido, escreveu um dos Prefácios à primeira edição do meu livro A Busca – Memórias da Resistência. A outra Apresentação foi escrita pelo cientista político Wanderley Guilherme, que também já nos deixou.
Meus pêsames a Beth e à toda a família, em especial ao Carlos Fausto, meu vizinho e amigo durante anos na rua General Glicério, em Laranjeiras.