A Palavra Cidadão no Brasil é Ofensa?

06/07/2020

Os jornais de segunda 6/6 reproduziram matéria que saiu domingo 5/6 no programa Fantástico, da TV Globo. A bolsonarista Nivea del Maestro, ao lado do marido, Leonardo Barros, atacou um Fiscal da Saúde num bar da Barra da Tijuca, no Rio, e acabou demitida da empresa onde trabalhava.

O Fiscal dirigiu-se ao marido chamando-o de Cidadão. Ela se ofendeu e retrucou: “Cidadão, não. Engenheiro Civil, formado, melhor do que você”. Para ela, cidadão é um termo ofensivo. Com efeito, a palavra cidadão iguala todas as pessoas. Na Revolução Francesa, todos se chamavam de cidadão para mostrar que todos eram iguais perante a lei, não havia mais privilégios para a nobreza e o clero.

Exatamente porque a palavra cidadão iguala, ela se sentiu ofendida, porque se considera superior. Para ela, a lei só vale para os pobres. Ela, como a maioria das classes média e alta, introjetou e “naturalizou” a enorme e injusta desigualdade que perdura e se agrava na sociedade brasileira.

Cidadão implica a ideia de que uma pessoa, desde que nasceu, é um sujeito de direitos. Ao adquirir maioridade, torna-se cidadão de pleno direito. Tudo isso, na teoria. Na prática, muitos não têm seus direitos reconhecidos. Aqui vale a famosa ironia: todos são iguais, mas uns são mais iguais do que outros.