Guerra de Posição e Golpe Híbrido

Liszt Vieira
28/4/2022

Está fora de moda o golpe militar clássico, com tanques na rua tomando o Palácio do Governo e prendendo o Presidente. Pelo menos no Brasil. O golpe de Estado se sofisticou, tornou-se o que se chama “golpe híbrido”. O impeachment da Dilma é um bom exemplo. Foi golpe, ela não cometeu crime nenhum que justificasse o impeachment. Já Bolsonaro cometeu dezenas de crimes e não sofreu impeachment porque se bandeou com armas e bagagens para o Centrão que ganhou na bacia das almas o orçamento secreto.

O ex-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministro Luís Barroso, convidou um General do Exército para acompanhar os trabalhos do TSE durante o processo eleitoral. O Ministro da Defesa barrou e disse que seria um Almirante quem iria representar as Forças Armadas no TSE. O que era um mero convite, tornou-se representação oficial das Forças Armadas.

Ora, em nenhum país democrático do mundo os militares participam do processo eleitoral, a não ser em ditaduras. Não é função de militar dar palpite em eleição. Na realidade, os militares do Governo avançaram uma peça no tabuleiro do xadrez político. Estão travando uma guerra de posição com o objetivo de provocar aos poucos o desmantelamento da democracia e das instituições democráticas.

As instituições que ainda funcionam, funcionam mal. Desde seu início, o atual Governo sabota o funcionamento das instituições de saúde, educação, ciência, cultura, meio ambiente, política externa independente, direitos humanos etc. Vem ganhando posições na sua guerra para destruir a democracia e implantar uma ditadura, o sonho dourado do atual Presidente. Para isso, conta com o apoio de seu núcleo duro militar e dos parlamentares do Centrão, com as mãos enlameadas pelas verbas do orçamento secreto.

Para enfrentar essa guerra de posição, as organizações populares, os movimentos sociais e os partidos de oposição precisam ter mais agilidade, desenvolver uma guerra de movimentos. Por exemplo, já está na hora de voltar às ruas para protestar contra o perdão dos crimes do deputado bandido Daniel Silveira e contra a inflação nos preços de alimentos e energia que penaliza o povo brasileiro. A democracia é golpeada e se enfraquece a cada dia.

No próximo domingo, dia 1 de maio, haverá uma Manifestação às 10 h no Parque do Flamengo (Aterro), altura da rua Silveira Martins, pelo emprego, direitos, democracia e vida. Espero que seja o recomeço das manifestações de rua para fortalecer a luta contra o projeto fascista do atual Governo.

Afinal, não podemos cruzar os braços para ficar apenas pagando imposto para garantir o Viagra dos militares…