Liszt Vieira
24/6/2022
A Passeata Gay, realizada domingo 19/6 em São Paulo, reuniu 3 milhões de pessoas, segundo os organizadores. Dando um desconto e reduzindo para metade, a manifestação contou no mínimo com 1,5 milhão de pessoas. Isso é muito mais do que nossas manifestações Fora Bolsonaro, e mais do que as manifestações evangélicas, quando ocorrem.
Aqueles que desprezam a “questão identitária”, seja o feminismo, LGBT+, racismo, questão indígena porque “desviam a atenção da luta de classes”, deviam refletir melhor e repensar suas opiniões levando em conta a mobilização popular.
Outro fator a ser considerado é a violência contra lideranças e defensores dos povos indígenas, quilombolas, camponeses, ambientalistas, enfim, aqueles que lutam contra a ganância capitalista em sua fronteira agrícola agroextrativista. Trata-se de agronegócio, pecuaristas, garimpeiros, mineradores, madeireiros, grileiros, narcotraficantes, desmatadores.
O assassinato de trabalhadores pela lógica econômica capitalista se dá muito mais no campo e na floresta contra indígenas, camponeses, quilombolas, ambientalistas do que na cidade, onde predomina a violência policial nas periferias e favelas. No programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, os mais vulneráveis são os defensores de indígenas, cerca de 38%, seguidos pelos quilombolas com 15,5%, extrativistas com 10% e direito à terra com 7,75%. Em seguida, aparecem comunidades ribeirinhas e direito à moradia, ambos com 6,2%. Os demais estão todos abaixo de 3,5% (O Globo, 21/6/2022).
Seria a fronteira agrícola o elo mais fraco do capitalismo brasileiro? Não sei, mas a violência da expansão capitalista no campo devia ser mais estudada e articulada com os processos industriais e financeiros dos centros urbanos.
Com a palavra, os teóricos do capitalismo no Brasil