Golpe Militar Sem Apoio Americano?

Liszt Vieira
26/6/2022

Todos os golpes militares na América Latina, e não só, tiveram apoio dos EUA. A questão que se coloca hoje é que o governo americano não está apoiando uma possível tentativa de golpe no Brasil.

O governo Biden enviou ao Brasil uma diplomata e uma ex-futura embaixadora que disseram a mesma coisa: o sistema eleitoral brasileiro é confiável. Para bom entendedor, o recado foi: não apoiamos golpe militar no Brasil, seja de que forma for.

Há muitas contradições envolvidas, para quem não tem medo de enfrentá-las. Uma delas é que Lula seria um mal menor para o governo americano. Afinal, Bolsonaro é fiel amigo de Trump, inimigo de Biden. E, ainda por cima, Trump á aliado de Putin. Ambos querem enfraquecer a União Europeia. Isso, sem falar em negócios de Trump na Rússia. Business acima de tudo.

Quem é amigo de meu inimigo, vira inimigo. É assim que Biden vê Bolsonaro. Por isso não gosta da ideia de sua reeleição, por mais contradições que vislumbre com um futuro governo Lula.

A estratégia dos militares do governo é desmoralizar a eleição, mostrar que ela não é confiável, para virar a mesa e garantir a continuidade do atual governo.  Não seria um golpe militar clássico, com tanque na rua para tomar o palácio do governo onde, aliás, já estão encastelados, usufruindo de muitos privilégios.

O plano é muito arriscado, com poucas possibilidades de dar certo. Além disso, essa estratégia não conta com o apoio de todos os militares e empresários, apenas de parte deles, e também de muitos “liberais” que, como se sabe, sempre apoiam ditaduras militares na América Latina quando seus interesses econômicos estão em jogo.

Estamos praticamente a 3 meses da eleição. O quadro eleitoral tem se mantido estável há um ano, com variações muito pequenas. Lula tem chances de ganhar no primeiro turno. De qualquer forma, ganharia folgadamente no segundo turno. Dificilmente, esse quadro sofrerá mudanças significativas.

O presidente genocida blefa muito, mas não parece disposto a largar o poder quando perder. Não se sabe o que vai fazer. Alguma loucura do tipo invasão do Capitólio nos EUA? Ou mobilizar suas “tropas” milicianas para invadir seções eleitorais ou locais de apuração? O segundo semestre promete muitas emoções, lutas e confrontos.